domingo, 15 de novembro de 2009

2012 e a não-ciência

Esta semana houve a estreia do filme 2012, dirigido por Roland Emmerich. Apesar de eu ainda não ter assistido ao filme, os comentários incluem um enredo por demais caótico e cenas excessivamente sentimentais. Além disso, como é de praxe, um falsa explicação científica para um fenômeno aparentemente (e realmente) absurdo.

O filme é levemente baseado na ideia de que o calendário Maia termina no dia 21 de dezembro de 2012, o que não ocorre de fato, e que marcaria o fim da civilização como a conhecemos. O enredo não faz uso de extravagâncias mitológicas, preferindo uma explicação "científica".

A catástrofe ocorreria pelo fato de em 2012 o Sol chegar ao pico do seu ciclo de 11 anos (o que segundo a National Oceanic Atmospheric Administration ocorrerá na verdade em Maio de 2013 e será menos intenso que picos anteriores). Por alguma razão qualquer os neutrinos emitidos pelo Sol passam a se comportar de forma diferente, interagindo mais constantemente com a matéria. Para quem não sabe, neutrinos são partículas subatômicas de tamanho infimamente pequeno oriundos de algumas reações nucleares e que são bastante neutros (como o nome já indica), raramente interagindo com a matéria. A Terra é atravessada por trilhões dele a cada segundo sem que nada seja percebido.

Em 2012, estes neutrinos "rebeldes" fariam o núcleo da terra aquecer ao ponto de ferver, desestabilizando todas as camadas acima, incluindo o núcleo externo, o manto e a crosta, causando elevações e depressões da superfície na ordem de vários milhares de quilômetros. A explicação faria muitos físicos rolarem de rir, tamanho o absurdo. Para que uma partícula pudesse energizar o núcleo sólido do planeta, comprimido a uma pressão de 350 gigapascais (3 milhões de atmosferas), até que fervesse, a superfície já teria sido totalmente dizimada muito antes.

Apesar disso, os neutrinos talvez não sejam tão inofensivos. Alguns estudos indicam que algumas supernovas (estrelas massivas que explodem ao final de suas vidas) podem produzir neutrinos altamente energizados capazes de interagir com átomos em tecidos orgânicos e causar mortes em massa por câncer. Apesar de estes fenômenos serem raros, há possibilidade de estarem relacionados com as grandes extinções em massa da Terra. (Talvez as algas então sejam inocentes?).

De qualquer forma, uma destruição da civilização por uma lenta morte causada por câncer provavelmente não se ajustaria muito bem às telas do cinema.

Fonte: http://www.scientificamerican.com/blog/post.cfm?id=in-2012-neutrinos-melt-the-earths-c-2009-11-13

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