quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A forma e a posição das coisas vivas em Europa

Concepção artística da possibilidade de vida em Europa. Fonte: NASA
Como há muito se especula, as condições geológicas/climáticas do satélite Europa de Júpiter permitiriam o desenvolvimento de formas de vida neste corpo celeste.
Para aqueles que não sabem, Europa é uma das maiores luas de Júpiter, com uma superíficie composta basicamente por gelo de água e, segundo se acredita, pode conter um oceano de água líquida em camadas mais profundas, nas quais seria possível a vida se desenvolver.
A gravidade de Júpiter atua fortemente sobre suas luas, causando um fenômeno semelhante às marés na Terra, mas numa escala muito maior, fazendo a própria crosta se mover violentamente, causando abalos sísmicos.
Segundo cálculos mais recentes usando simulações de computador, a influência da gravidade de Júpiter poderia ter efeitos maiores do que somente puxar e quebrar a superfície, causando também ondas planetárias gigantescas no oceano subterrâneo de Europa. Estas ondas poderiam ser a fonte primária de distribuição de energia, como o calor, pelo satélite.
Novas pesquisas também mostraram que o oceano de Europa pode ser alimentado por quantidades de oxigênio centenas de vezes maior do que se imaginava inicialmente, o que permitiria o desenvolvimento de formas de vida mais complexas e organizadas, como peixes (ou o correspondente de peixes em Europa).
A vida, se existir nesta lua, deve ter alguma semelhança com os ecossistemas econtrados no fundo dos oceanos na Terra, junto a fontes termais.

Fontes: http://news.nationalgeographic.com/news/2009/11/091116-jupiter-moon-life-europa-fish.html
http://news.nationalgeographic.com/news/2008/12/081210-europa-oceans.html

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Nanoprata causa mutações em embriões de peixes

Usadas atualmente em mais de 200 produtos, as nanopartículas de prata são menores que um vírus e, segundo estudos recentes, podem matar e mudar embriões de certos peixes. Estas minúsculas partículas que podem matar bactérias pelo contato têm se tornado cada vez mais comuns em toda a sorte de produtos, roupas, brinquedos e geladeiras e máquinas de lavar.

Contudo à medida que o uso destas nanopartículas cresce, cresce também a preocupação dos cientistas sobre os efeitos que elas causam ao entrarem nos ecossistemas. Muitas delas descem pelo ralo de nossas casas e não conseguem ser removidas pelos tratamentos de esgoto, chegando aos cursos de água e agindo sobre os organismos destes meios.

O pesquisador Darin Ferguson, da Universidade de Utah, diz que nos precipitamos no uso destas partículas. Deveríamos estudá-los mais a fundo antes de permitir que sejam postos em nossos produtos e jogados nos ecossistemas.

Fonte: http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=nanotechnology-silver-nanoparticles-fish-malformation

Mamangava, nova vítima do aquecimento global

Segundo uma pesquisa realizada pela UFPR, a abelha da espécie Bombus bellicosus, popularmente conhecida como mamangava, pode estar extinta localmente no Brasil. O inseto aparentemente desapareceu do Paraná, onde era bastante comum, mantendo-se ainda no Uruguai e na Argentina. Segundo os cientistas do estudo, a principal causa de seu desaparecimento é o aquecimento global, bem como a poluição e alteração do seu hábitat.

Os pesquisadores do Laboratório de Biologia Comparada de Hymenoptera do Departamento de Zoologia da UFPR monitoraram os municípios de Ponta Grossa, no Paraná, além de Esteio e Bom Jesus no Rio Grande do Sul e regiões de Curitiba e Santa Catarina. Nenhum indivíduo foi encontrado no Paraná e se constatou que a espécie está desaparecendo também nas outras regiões.

O gênero Bombus contém abelhas bastante generalistas em se tratando de material para a construção dos ninhos e alimentação, mas são sensíveis a mudanças climáticas. Desde 1950, 13 espécies já desapareceram em pelo menos um país da Europa e 4 são consideradas extintas no continente.

O desaparecimento destes insetos traz problemas como a polinização de plantas, pois as abelhas são de fato os mais importantes polinizadores na natureza, visitando diversas espécies em diferentes épocas do ano.

Fonte: http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2009/11/mais-uma-vitima-do-aquecimento-global

Artigo do trabalho: http://www.springerlink.com/content/g2062448t172864q

domingo, 15 de novembro de 2009

Uma aranha vegetariana!

Bagheera kiplingi, uma aranha vegetariana. Foto de M. Milton

A cada descoberta, a natureza nos surpreende mais. Descobriram agora que uma aranha da América Central, Bagheera kiplingi* é, pasmem, herbívora. Até agora esta é a única aranha que se sabe ser principalmente vegetariana.
Vivendo em acácias, ela se alimenta de muitos dos acessórios que essas árvores possuem para atrair formigas que servem de proteção à planta. As larvas destas formigas (do gênero Pseudomyrmex) também servem de alimento à aranha, mas 90% de sua dieta é herbívora. Esta simpática aranha pacifista ainda por cima pertence à família Salticidae, a mais espetacular dentre as aranhas, segundo minha opinião pessoal.
Leiam mais a respeito deste caso raro aqui, no blog Rainha Vermelha de Atila Iamarino.

*É, o nome do gênero veio de Bagheera, o personagem daquela história de Mowgli, o menino lobo!

2012 e a não-ciência

Esta semana houve a estreia do filme 2012, dirigido por Roland Emmerich. Apesar de eu ainda não ter assistido ao filme, os comentários incluem um enredo por demais caótico e cenas excessivamente sentimentais. Além disso, como é de praxe, um falsa explicação científica para um fenômeno aparentemente (e realmente) absurdo.

O filme é levemente baseado na ideia de que o calendário Maia termina no dia 21 de dezembro de 2012, o que não ocorre de fato, e que marcaria o fim da civilização como a conhecemos. O enredo não faz uso de extravagâncias mitológicas, preferindo uma explicação "científica".

A catástrofe ocorreria pelo fato de em 2012 o Sol chegar ao pico do seu ciclo de 11 anos (o que segundo a National Oceanic Atmospheric Administration ocorrerá na verdade em Maio de 2013 e será menos intenso que picos anteriores). Por alguma razão qualquer os neutrinos emitidos pelo Sol passam a se comportar de forma diferente, interagindo mais constantemente com a matéria. Para quem não sabe, neutrinos são partículas subatômicas de tamanho infimamente pequeno oriundos de algumas reações nucleares e que são bastante neutros (como o nome já indica), raramente interagindo com a matéria. A Terra é atravessada por trilhões dele a cada segundo sem que nada seja percebido.

Em 2012, estes neutrinos "rebeldes" fariam o núcleo da terra aquecer ao ponto de ferver, desestabilizando todas as camadas acima, incluindo o núcleo externo, o manto e a crosta, causando elevações e depressões da superfície na ordem de vários milhares de quilômetros. A explicação faria muitos físicos rolarem de rir, tamanho o absurdo. Para que uma partícula pudesse energizar o núcleo sólido do planeta, comprimido a uma pressão de 350 gigapascais (3 milhões de atmosferas), até que fervesse, a superfície já teria sido totalmente dizimada muito antes.

Apesar disso, os neutrinos talvez não sejam tão inofensivos. Alguns estudos indicam que algumas supernovas (estrelas massivas que explodem ao final de suas vidas) podem produzir neutrinos altamente energizados capazes de interagir com átomos em tecidos orgânicos e causar mortes em massa por câncer. Apesar de estes fenômenos serem raros, há possibilidade de estarem relacionados com as grandes extinções em massa da Terra. (Talvez as algas então sejam inocentes?).

De qualquer forma, uma destruição da civilização por uma lenta morte causada por câncer provavelmente não se ajustaria muito bem às telas do cinema.

Fonte: http://www.scientificamerican.com/blog/post.cfm?id=in-2012-neutrinos-melt-the-earths-c-2009-11-13

sábado, 14 de novembro de 2009

Edunia, a arte imita a vida

O bioartista brasileiro Eduardo Kac, atualmente vivendo nos Estados Unidos, conhecido já por algumas obras de arte transgênicas no passado, apresentou ao público este ano a Edunia, uma Petúnia transgênica que carrega um gene do próprio artista. Para dar um ar mais chocante ao ser, decidiram chamá-lo de um "plantanimal", um híbrido do artista e uma petúnia. Mas, cá entre nós, isto já é mais do que um exagero.


O trabalho é dito como "uma reflexão poética na contiguidade da vida entre diferentes espécies". A petúnia em questão possui flores com nervuras vermelhas que expressam o gene de Kac, um gene do sistema imunológico capaz de reconhecer corpos estranhos. Usando o promotor (zona de ativação do gene) adequado, foi possível fazer o gene ser expresso somente no sistema vascular da planta, tentando reproduzir a imagem do sangue circulando pelo corpo humano.

A polêmica gerada é de certa forma compreensível.

Fontes: http://current.com/items/90534387_controversial-bio-artist-eduardo-kacs-new-award-winning-transgenic-edunia.htm

http://www.ekac.org/nat.hist.enig.html

Algas, serial killers

As algas podem ser encontradas praticamente em qualquer local úmido e com luz solar, formando desde limos escorregadios sobre rochas até emaranhados de vários hectares pelos mares do mundo. Sua importância no planeta inclui a oxigenação da atmosfera, a formação de rochas e petróleo, além de fontes de alimento para diversos organismos. Elas também podem trazer efeitos nocivos, como as famosas marés vermelhas e talvez até mesmo as grandes extinções em massa na história da Terra!Segundo um estudo realizado pelos cientistas James Castle e John Rogers, da Universidade de Clemson, na Carolina do Sul, EUA, algas produtoras de toxinas podem ter tido um papel importante durante as grandes extinções em massa do Fanerozoico.

Geralmente as extinções são ligadas a impactos de asteroides e vulcanismo, mas talvez o problema maior seja decorrente dos blooms de algas que ocorriam após estes eventos. Há de fato várias evidências de tais fenômenos nos registros fósseis. Como se sabe, estes blooms costumam ocorrer durante uma elevação anormal da temperatura da água ou da concentração de nutrientes.

E como é de conhecimento geral, a Terra está aquecendo, e com ela os oceanos. Parece que as algas vêm aí outra vez para fazer uma nova limpeza.

Fonte: http://www.scientificamerican.com/podcast/episode.cfm?id=are-algae-mass-murderers-09-11-13

Moscas-escorpiões: abelhas da pré-história

Reconstrução de mecópteros polinizando coníferas. Créditos:  Mary Parrish. Department of Paleobiology of the National Museum of Natural History.
Antes do surgimento das Angiospermas, as plantas com flores, o mundo era dominado pelas coníferas e cicas. Acreditava-se assim que o mais provável é que a polinização destas plantas era realizada pelo vento e pela água, como continua a ser com estes grupos hoje em dia. A polinização por insetos teria surgido só após o aparecimento das primeiras plantas com flores.
Descobertas recentes, no entanto, indicam que a polinização por insetos pode ser mais antiga do que se imaginava, precedendo as flores.
Insetos da ordem Mecoptera (chamados de "scorpionflies" em inglês, literalmente "moscas escorpião") parecem já ter sugado líquidos semelhantes a néctar em coníferas e samambaias há milhões de anos, segundo fósseis recentemente examinados. O aparelho bucal de formato tubular seria capaz de sorver néctar de pelo menos cinco espécies diferentes de coníferas. O único problema com a teoria é a falta de grãos de pólen fossilizados em tais insetos, contudo eles podem ter sido destruídos pela oxidação com o passar do tempo.
Entre o elenco que compunha estes primeiros polinizadores, cita-se as espécies Jeholopsyche liaoningensis e Vitimopsyche gloriae.
Fonte: http://www.livescience.com/animals/091105-scorpion-nectar.html
Mais uma curiosidade sobre Mecoptera: estudos filogenéticos (Michael F. Whiting, 2002) mostraram que as pulgas são seus parentes próximos. provavelmente as pulgas tendo derivado de um grupo de Mecoptera que se tornou bastante especializado.