sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ficar numa escada faz você envelhecer mais depressa

Novos experimentos com relógios atômicos demonstraram mudanças na passagem do tempo em velocidades e alturas corriqueiras como subir uma escada ou andar de bicicleta.

A teoria da relatividade de Einstein desbancou a noção de que o tempo passa igualmente para todos em qualquer lugar do Universo. Em vez disso, ela prevê que o tempo passa mais lentamente num campo gravitacional ou em velocidades mais altas. Um relógio na Terra corre um pouco mais lentamente do que outro no espaço. Da mesma forma, uma pessoa viajando numa nave em alta velocidade envelhecerá muito menos que outra que ficou em casa.

Estes efeitos foram demonstrados em vários experimentos usando relógios atômicos. Em um deles, foi possível notar que um relógio viajando a bordo de um avião ficava levemente atrasado em relação a outro que permaneceu imóvel.

Contudo um experimento mais recente realizado no Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia em Boulder, Colorado, EUA, pelo físico James Chin-Wen Chou e sua equipe, demonstrou essa diferença em escalas mais familiares.

O tempo foi medido usando um laser emitindo luz a uma frequência específica e direcionado para um único átomo de alumínio mantido no lugar por um campo elétrico que somente absorve a luz que oscila 1.12 x 10^15 (Um quatrilhão e cento e vinte trilhões) vezes por segundo. Assim, as oscilações do laser podem ser usadas como os tiques de um relógio comum para medir a passagem do tempo.

O experimento mediu a diferença no tempo entre um relógio erguido a 33 centímetros de altura em relação a outro mantido como referência. A maior altura fez o relógio correr um pouco mais rapidamente, cerca de quatro partes em 10^17 (cem quatrilhões). O efeito é tão pequeno que faria uma diferença de apenas noventa bilionésimos de segundo sobre uma vida de 80 anos.

Em outro experimento, um dos relógios ficou oscilando a uma velocidade de 10 m/s (36km/h) enquanto o outro se mantinha imóvel. Neste caso, o relógio que se manteve balançando correu 6 partes em 10^16 (dez quatrilhões) mais lentamente.

Portanto, se você quiser viver alguns bilionésimos de segundo a mais, não compre um apartamento na cobertura.

Fonte: http://www.newscientist.com/article/dn19494-standing-on-a-stepladder-makes-you-age-faster.html

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Maçã evoluiu para sobreviver à extinção

Sequenciamento do genoma da maçã revela resultados inesperados

A análise do DNA completo da maçã sugere que um grande passo evolutivo da fruta foi causado por um evento ambiental catastrófico.

Um consórcio internacional sequenciou os mais de seiscentos milhões de pares de bases que compõe o genoma da maçã, o que ajudará, entre outras coisas, a entender características como “crocância”, “suculência”, sabor ou época de colheita.

O seqüenciamento revelou que grandes porções dos cromossomos estão copiadas em outros cromossomos. Esta duplicação explicaria por que a maçã e sua prima, a pera, possuem 17 cromossomos enquanto todas as outras plantas da família Rosaceae (incluindo morangos, framboesas e ameixas) possuem entre 7 e 9. A maioria destes genes duplicados estão relacionados ao desenvolvimento do fruto, o que pode ter permitido o surgimento das características peculiares vistas na fruta.

As análises evolucionárias traçaram essa duplicação do genoma para aproximadamente 60 milhões de anos atrás, e pensa-se que possa ter sido uma resposta de sobrevivência genética a um evento de extinção em massa de outras espécies, incluindo os dinossauros. Outras espécies vegetais bem adaptadas, como o choupo, sofreram uma resposta evolucionária similar na mesma época.

Parece que nossa querida maçã soube ser criativa o bastante para “inovar” seu genoma e sobreviver quando aquele grande meteoro atingiu o planeta no final do Cretáceo.

Fonte: http://www.australasianscience.com.au/news/september-2010/apple-evolved-survive-extinction.html

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Eppur si muove

Fazem hoje 377 anos que Galileu foi julgado diante da Congregação pela Doutrina da Fé por ensinar que a Terra orbita o Sol.

domingo, 19 de setembro de 2010

O olho da aranha

A visão das aranhas-saltadoras é ainda mais extraordinária do que se pensava.

Como a maioria das aranhas, as aranhas-saltadoras possuem oito olhos, dos quais um par é vestigial e outro é relativamente grande e direcionado para a frente. Quanto aos dois outros pares, pensava-se serem simplesmente sensores de movimento.

Contudo um experimento realizado pelo estudante de PhD Daniel Zurek, da Universidade Macquaire, derrubou essa ideia. Ele cobriu os olhos principais e o par menor posterior de 52 aranhas da espécie Servaea vestita com silicone dental removível, mantendo apenas o par menor anterior descoberto.

Os resultados foram inesperados: mesmo com apenas um dos pares secundários descoberto, as aranhas eram capazes de perseguir moscas e pontos se movendo numa tela, até mesmo pontos pouco contrastantes com o fundo, que eram muito difíceis de outros animais detectarem. Considerando o pequeno tamanho destes olhos, isto demonstra uma eficiência admirável.

Outro fato interessante é que estas aranhas possuem cerca de 500 mil neurônios, o que é metade do que uma abelha possui. Muitos deles são dedicados aos olhos, até mesmo aos vestigiais. Segundo Ximena Nelson, supervisora de Zurek, há uma possibilidade de que "muitas das decisões são feitas mais próximas do nível da retina do que do cérebro".

Fonte: http://www.australasianscience.com.au/article/issue-september-2010/eye-spider.html

sábado, 18 de setembro de 2010

Sacudindo

Uma nova forma de comunicação animal revelada com a descoberta de que machos de pererecas-de-olhos-vermelhos  enviam sinais ao sacudir os ramos das árvores nas quais se encontram.

De acordo com o Dr. Gregory Johnston da Escola de Ciências Biológicas da Universidade de Flinders, "Diferente da maioria das rãs, a perereca-de-olhos-vermelhos não demonstram qualquer evidência de fêmeas escolhendo um macho pela voz mais alta ou mais bonita". Em vez disso, as fêmeas parecem felizes de se acasalar com qualquer macho em cujo território estejam vagando, fazendo com que o território seja realmente importante.

Johnston foi a América Central tentar descobrir por que os machos desta espécie são tão mais brilhantemente coloridos do que os de outras espécies e pensou que isto deveria simbolizar alguma sinalização, em especial por eles exporem uma região particularmente colorida quando outro macho invade seu território.

Contudo, isso ocorre em situações em que os machos sacodem os galhos em que estão sentados, aparentemente para deter os outros machos. Aparentemente, as sacudidas são importantes para demonstrar o tamanho e força de um macho, afastando os rivais. Este é o primeiro caso de um vertebrado arborícola se comunicando por vibração.

Esta descoberta pode ajudar a explicar por que esta espécie está desaparecendo em regiões próximas a estradas nas florestas chuvosas da América Central. A passagem constante de caminhões pelas estradas podem estar afastando as pererecas, que talvez estejam temendo rivais inimaginavelmente podersosos.

Fonte: http://www.australasianscience.com.au/article/issue-september-2010/frogs-shake-tree.html

Álbum de Família

Hoje fazem 33 anos que a sonda Voyager 1 fotografou a Terra e a Lua juntas, sendo esta a primeira foto deste tipo de todos os tempos. A imagem foi registrada no dia 18 de setembro de 1977, quando a Voyager 1 se encontrava a 11,66 milhões de quilômetros da Terra.

A foto foi formada a partir de três imagens tiradas através filtros de cores e, como a Terra se apresentava muito mais brilhante, a Lua foi artificialmente clareada por um fator de 3 relativo à Terra de forma que ambos os corpos pudessem ser claramente vistos na impressão.

Fonte: http://visibleearth.nasa.gov/view_rec.php?id=546

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Por que a música nos move

Novas pesquisas explicam o poder da música sobre emoções humanas e seus benefícios para o nosso bem estar físico e mental

Li agora há pouco um artigo da Scientific American Mind sobre a influência da música e decidi comentá-lo aqui, reativando com isto meu blog há muito abandonado, e espero mantê-lo ativo de agora em diante!

Enfim, vamos ao assunto...

O texto, de autoria de Karen Schrock, faz uma síntese sobre as mais recentes teorias sobre como e por que a música influencia tanto as nossas vidas, algo que tenta ser explicado há séculos por filósofos e cientistas. Como Schrock diz, "ela nos consola quando estamos tristes, nos anima em tempos felizes e nos conecta aos outros, mesmo que escutar o iPod ou cantar "Parabéns a você" não pareça ser necessário para a sobrevivência ou reprodução."

Há uma teoria de que a influência musical sobre nós tenha sido uma consequência aleatória de nosso sistema nervoso central, surgindo  da sua habilidade de sequestrar sistemas cerebrais construídos para outros propósitos como linguagem, emoção e movimento. E devido a isto, a música é capaz de oferecer um sistema de comunicação inovador baseado mais em emoções do que em significados. Dados recentes mostraram que a música leva inevitavelmente a certos sentimentos: o que sentimos ao ouvir uma música é extraordinariamente similar ao que todas as outras pessoas no local estão sentindo.

Desde os anos 50, muitos psicólogos vêm tentando explicar o poder da música ao comparar a apreciação por música com a fala. Afinal, num nível mais primitivo, o entendimento de ambas necessita de uma habilidade de detectar sons. Hoje já se sabe que o córtex cerebral auditivo processa elementos musicais básicos, como tom (frequência) e volume, enquanto as áreas vizinhas do córtex auditivo são responsáveis por processar padrões mais complexos como ritmo e harmonia.

Assim como a linguagem, a música é composta de uma gramática que organiza componentes menores, como acordes musicais. Já se sabe também que a música é capaz de excitar regiões cerebrais responsáveis pelo entendimento e produção de linguagem, como as áreas de Broca e Wernicke, localizadas no hemisfério esquerdo. Portanto, a sintaxe musical, como a organização dos acordes numa frase, podem ter surgido a partir de mecanismos evoluídos para organizar e entender a gramática.

Contudo a música também necessita de outros sistemas cerebrais, principalmente aqueles que governam emoções como medo, prazer e pesar. Pessoas com danos à amídala, por exemplo, que controla as sensações de medo, levam a um desequilíbrio da habilidade de sentir medo e, em alguns estudos, tristeza em resposta a uma canção. Assim, muitos pesquisadores conjeturam que a música evoluiu "na garupa" de outras regiões do cérebro dedicadas a linguagem, sentimentos e outras funções. "Penso haver uma boa chance de que a música é simplesmente um efeito colateral de coisas que evoluíram por outras razões", diz o cientista auditivo Josh McDermott, atualmente na Universidade de Nova Iorque.

Fonte:  http://www.scientificamerican.com/article.cfm?id=why-music-moves-us  e o artigo do referido volume da revista